
A investigação da polícia do Rio apontou que dois e-mails da suposta amiga de Serpa, Jéssica Ferrer, eram ligados a um número de celular que pertencia a Monique. O caso foi revelado pelo Fantástico. Itamar Serpa e Monique Elias juntos em foto; investigação mostrou histórias de manipulação e desvio de mais de R$ 122 milhões
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A Polícia Civil do Rio descobriu que Monique Elias, ex-mulher de Itamar Serpa Fernandes, fundador da Embelleze, usou o computador pessoal para criar uma personagem que falava com Serpa por e-mail.
Através de uma personagem, que se apresentava como Jéssica Ferrer, ela manipulou o testamento do empresário e desviou R$ 122 milhões do patrimônio de Itamar com a ajuda de comparsas. O caso foi revelado pelo Fantástico no domingo (16) (veja vídeo abaixo).
Monique e Itamar se conheceram em 2012 e ela passou a morar com ele. Ela levou junto João, filho que teve com outro homem e que foi adotado pelo empresário. Dois anos depois, Monique engravidou e o casal teve gêmeos.
Falsa amizade virtual e desvio milionário: a trama contra o dono de império da beleza
De acordo com a polícia, ela teria passado mais de dez anos, de 2012 a 2023, manipulando Itamar Serpa. No período final, ela contou com ajuda do filho dela, João Carlos Tavares da Mata Serpa, e de Matheus Palheiras, com quem estava casada até o início deste ano.
De acordo com a polícia, Monique, Matheus e João ajudaram a desviar o dinheiro de Itamar por meio de transferências bancárias, compra e venda de imóveis, alteração na apólice de seguros e fraude no testamento de Serpa. Entre os itens transferidos para Monique, estava uma casa na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.
No total, de acordo com a polícia, Monique, Matheus e João desviaram R$ 122 milhões de Itamar
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Matheus passou a se relacionar com Monique em 2020 e se beneficiou diretamente com as transferências feitas pelos participantes do esquema. Ele mantinha contas bancárias e telefones compartilhados com Monique, e uma linha de telefone usada por ele era utilizada para recuperação das contas falsas de e-mail.
João Carlos, por sua vez, era utilizado por Monique para vigiar os passos de Itamar depois da separação do casal. Ele tinha acesso direto à conta da vítima, segundo as investigações, e fez transferências para beneficiar Monique e Matheus quando Itamar estava internado, inclusive no dia em que ele morreu.
Os três foram indiciados pelo crime de estelionato, furto mediante fraude e por associação criminosa — e também são investigados por suspeita de lavagem de dinheiro.
E-mails ligados ao telefone de Monique
A investigação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) apontou que dois e-mails da suposta amiga de Serpa, Jéssica Ferrer, eram ligados a um número de celular que pertencia a Monique. O número é inclusive citado por Monique como seu contato oficial em um registro de ocorrência.
Um dos e-mails foi acessado a partir de um IP (número exclusivo que identifica cada dispositivo ligado a uma rede de internet) vinculado a um outro telefone celular de Monique. O número, inclusive, era utilizado como pix de Matheus Palheiras.
Em e-mail, Jéssica Ferrer afirma que precisa contar verdades importantes para o empresário
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Nos e-mails, a personagem Jéssica Ferrer alertava Serpa sobre supostas intrigas contra ele, se utilizando de informações verdadeiras, com o objetivo de manipular o magnata da beleza.
“Ninguém no seu ambiente de trabalho é de sua inteira confiança”, diz o trecho de um e-mail.
A comunicação eletrônica criou uma teia de intrigas, afastando Itamar dos filhos e dos amigos, e influenciando o empresário em decisões financeiras e também na vida pessoal.
De acordo com o relatório final da investigação, Serpa só se divorciou oficialmente de sua ex-mulher, Josefina, após as conversas com Jéssica Ferrer, personagem criada por Monique. As mensagens, segundo a polícia, “reforçavam a necessidade de Itamar se afastar definitivamente de sua ex-esposa e da influência de terceiros”.
“Ela idealizou uma estratégia deliberada e prolongada de manipulação e isolamento praticado contra o Itamar”, afirma o delegado João Valentim Neto.
Depoimentos reforçam controle
Depoimentos dos filhos e funcionários de Itamar Serpa reforçam a narrativa de manipulação e controle de Monique, fosse utilizando a personagem Jéssica, fosse na convivência com outros familiares do ex-marido.
Os filhos de Serpa, por exemplo, disseram que encontraram, nos e-mails, acusações infundadas contra familiares dele, e que Monique, através de Jéssica, o influenciava a transferir bens para ela e Matheus.
Familiares contaram à polícia que Monique se tornou beneficiária exclusiva do seguro de vida do empresário, e que ela chegou a drogá-lo com remédios para dormir.
Funcionários também alegaram que Monique controlava rigorosamente o acesso de outras pessoas a Itamar, e um deles disse que viu Itamar sonolento e debilitado, o que reforçaria a hipótese que Monique o estivesse drogando.
Respostas dos envolvidos
Em nota, Monique Elias lamenta que “mais uma vez, uma mulher honesta, que construiu família e tem três filhos do falecido, esteja sendo vítima de uma campanha para assassinar a sua reputação e ceifar a sua dignidade, antes do devido processo legal” que conduzirá a Justiça Brasileira a dizer não mais uma vez para a misoginia, o etarismo e tantos preconceitos sofridos pelas mulheres de todo o Brasil, fazendo com que a verdade prevaleça.
O Fantástico e a TV Globo tentaram contato com a defesa de Matheus e João, mas não obteve retorno.