
Conhecido como rajada descendente ou microexplosão, o evento meteorológico tem sido mais comum na região por conta do aquecimento global. Um iate de luxo com 22 pessoas a bordo naufragou no sul da Itália
O aquecimento global pode ter contribuído diretamente para a formação da rara tempestade que afundou um iate de luxo na costa da Sicília na segunda-feira (19).
Os meteorologistas ainda levantam hipóteses do que pode ter acontecido no local. Em entrevista à Reuters, o climatologista italiano Luca Mercalli afirma que os elementos visuais são essenciais para conseguir entender qual fenômeno foi responsável pela tragédia.
“Estava escuro e, portanto, não conseguimos ver a possível presença de uma tromba d’água, o que, para ter certeza, precisa de observação visual”, ressalta o meteorologista.
Barco de luxo e tornado raro: o que se sabe sobre o naufrágio de iate na Itália
Tornado, tromba d’água ou rajada descendente?
Após semanas de muito calor, tempestades e chuvas fortes têm atingido diversas regiões da Itália nos últimos dias.
Mercalli, que é presidente da Sociedade Meteorológica Italiana, afirma que duas hipóteses são mais prováveis para o evento que resultou no acidente com o iate: tromba d’água e rajada ou explosão descendente.
“O episódio pode ter sido uma tromba d’água, essencialmente um tornado sobre a água, ou então uma explosão descendente, um fenômeno mais frequente que não envolve a rotação do ar”, detalha.
Tornado
Tornado passa por cima de casas na região de Greenwood, em Indiana
Eric Ford via TMX/Reprodução
De acordo com a Climatempo, os tornados são colunas de ar em rotação rápida que se formam sobre a terra, com ventos que podem ultrapassar 300 km/h.
Os tornados são as tempestades mais destrutivas na escala de fenômenos atmosféricos, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
O fenômeno pode acontecer em qualquer parte do mundo, desde que se estabeleçam as condições certas para a sua formação. É mais frequente nos Estados Unidos, em uma áera entre as Montanhas Rochosas e os Montes Apalaches.
Tromba d’água
BanTromba d’água em Alter do Chão
Ulisses Farias/TV Tapajós
Assim como os tornados, as trombas d’água também são colunas de ar de rápida rotação, mas se desenvolvem sobre superfícies com água, como lagos, rios e mares.
Uma tromba d’água é “essencialmente, um funil que se estende da base de uma nuvem até a superfície da água”, define a Climatempo.
O formato é semelhante ao do tornado, o que muitas vezes leva à confusão entre os fenômenos.
As trombas d’água tendem a ser menos intensas do que os tornados, geralmente causando danos mais pontuais. Esse fenômeno é ainda dividido em dois tipos: não tornádicas e tornádicas.
Segundo a Climatempo, as trombas d’água são consideradas raras no Mar Mediterrâneo. O evento foi de uma intensidade alta, semelhante a um tornado.
Rajada descendente
Ilustração de uma rajada descendente.
Wikimedia Commons/Nasa
Também conhecido como explosão descendente, microexplosão ou downburst, o fenômeno é um vento muito intenso que desce de uma tempestade e se apalha rapidamente quando atinge o solo.
De acordo com a Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), esses fenômenos podem causar danos semelhantes aos de um tornado e às vezes são mal interpretados como sendo tornados. Apesar da semelhança, a rajada é mais comum.
“Quando a corrente descendente atinge o solo, como um jato de água saindo de uma torneira e atingindo a pia, ela se espalha rapidamente em todas as direções […] tão forte quanto um tornado”, descreve a NOAA.
Na Itália, local onde ocorreu o acidente com o iate, as rajadas descendentes podem produzir ventos de até 150 km/h.
Segundo Mercalli, estatísticas mostram que esse tipo de fenômeno está se tornando mais frequente em todo o país, algo que pode estar diretamente ligado ao aquecimento global.
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