
O g1 entrevistou Daniel Coelho (PSD), João Campos (PSB) e Gilson Machado (PL) entre os dias 26 e 28 de agosto. Eles tiveram ao menos 5% na pesquisa Datafolha de 22 de agosto. Daniel Coelho, João Campos e Gilson Machado foram entrevistados ao vivo pelo g
Montagem/Pedro Alves/g1
O g1 entrevistou ao vivo os três principais candidatos à Prefeitura do Recife nas eleições 2024. Foram ouvidos aqueles que tiveram ao menos 5% na pesquisa Datafolha de 22 de agosto, em ordem definida por sorteio: Daniel Coelho (PSD), no dia 26 de agosto; João Campos (PSB), no dia 27; e Gilson Machado (PL), no dia 28.
A equipe do Fato ou Fake checou as principais declarações dos candidatos, por ordem da data da entrevista. Leia:
Daniel Coelho (PSD)
“Durante quatro anos, o prefeito João Campos teve R$ 148 milhões para investir em habitação. Ele investiu R$ 13 milhões em habitação, 9% do orçamento que ele tinha. […] Em festas e eventos foram gastos R$ 250 milhões no Recife.”
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#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Conforme dados do Portal da Transparência, a prefeitura gastou, entre 2021 e 2024, R$ 19,6 milhões em habitação, e não R$ 13 milhões, como disse o candidato. Entretanto, o valor gasto, de fato, corresponde a 9,6% dos R$ 204,8 milhões que estavam destinados para esse setor.
O Portal da Transparência também mostra que, para a subfunção “promoção de eventos e festividades culturais e tradicionais”, foram gastos, entre 2021 e 2024, R$ 253,8 milhões. O valor superou em 38% o que havia sido destinado anteriormente para essas atividades, que era de R$ 183,8 milhões.
Procurada, a assessoria de Coelho informou que “o fato é que a gestão atual teve um desempenho pífio na execução orçamentária da habitação” e que “a maior parte desses valores efetivamente executados se refere a salários de cargos comissionados e terceirizados, que não afetam diretamente um dos principais problemas da nossa cidade, que é o déficit habitacional”.
“O Recife, hoje, é a única capital do Brasil que não investe um centavo em transporte público. Quando a gente fala isso, as pessoas se impressionam. Como assim é a única capital do Brasil que não tem R$ 1 colocado no sistema de transporte público? Ele é exclusivamente financiado pelo governo do estado.”
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A declaração é #FAKE: Veja por quê: Pesquisa da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), divulgada em julho deste ano, aponta que 17 capitais subsidiam o transporte público por ônibus, incluindo o Recife.
Ficam de fora da lista Rio Branco, Belém, Porto Velho, Boa Vista, Salvador, São Luís, João Pessoa, Teresina e Aracaju. Além disso, em Vitória, há um subsídio para as passagens de ônibus implantado desde 2006, mas que é financiado pelo governo do estado, não pela prefeitura.
Em relação ao Recife, a pesquisa diz que há subsídio tanto municipal, quanto estadual. O do município foi instituído em 2014, e paga pelo passe livre de estudantes de escola pública.
No Orçamento de 2024, o passe livre integra, ao lado do custeio de fardamento, os programas de apoio ao ensino na rede municipal, que recebem, no total, R$ 12,3 milhões.
Procurada, a assessoria de Coelho disse que o relatório da própria NTU aponta que Recife está em penúltimo lugar entre as cidades onde há algum tipo de subsídio para o transporte coletivo. “O que é considerado subsídio da prefeitura é o custeio do passe livre para os estudantes de escola pública municipal, não havendo subsídios no custo de operação por parte do município”, disse.
“O Recife se tornou a segunda capital mais desigual do Brasil.”
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A declaração é #FATO: Veja por quê: De acordo com o Mapa da Desigualdade das Capitais, do Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), o Recife ficou em segundo lugar no Brasil. O estudo considera 40 indicadores sociais, como educação, saúde, violência e meio ambiente.
O ranking é feito por meio da pontuação de cada indicador. O máximo possível era 1.040. No entanto, Recife obteve apenas 392 pontos.
Veja abaixo a íntegra da entrevista de Daniel Coelho:
Clarissa Góes entrevista Daniel Coelho (PSD); veja íntegra
João Campos (PSB)
“Na saúde, por exemplo, a gente conseguiu fazer a expansão da cobertura de atenção básica, saindo de em torno de 60% para 80% de cobertura, expandindo horário das unidades de saúde, colocando mais profissionais.”
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NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: De acordo com os dados do sistema de Informação e Gestão da Atenção Básica, do Ministério da Saúde, o Recife tinha 656.085 pessoas cadastradas e acompanhadas pelas equipes de saúde da família ou pelas equipes de atenção primária em janeiro de 2021, quando João Campos assumiu o mandato.
Isso equivalia a uma cobertura de 39.86% da população total, na época estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1.645.727.
Durante a gestão do atual prefeito, esse número aumentou. Segundo o Ministério da Saúde, em abril de 2024, o número de cadastrados era de 941.208 pessoas. Considerando o dado populacional mais recente, do Censo do IBGE de 2022, isso equivale a uma cobertura de 63.21% do total de 1.488.920 habitantes.
Procurada pelo g1, a assessoria de imprensa de João Campos informou que utiliza um parâmetro de 3,3 mil pessoas atendidas por equipe de saúde. Conforme o cálculo da prefeitura, há 1.248.000 pessoas cobertas por 370 equipes de saúde, o que equivale a 83,8% da população da cidade.
Uma portaria do Ministério da Saúde determina que o parâmetro deva ser de 3 mil pessoas por equipe, para cidades com mais de 100 mil habitantes, mas pode chegar a um limite máximo de 4,5 mil pessoas atendidas por equipe.
“Quando eu falei de creche, por exemplo, a gente fez o dobro e agora eu firmei um compromisso de fazer o triplo, porque o dobro é bom, é importante? É, mas ainda não é suficiente.”
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A declaração é #FATO. Veja por quê: O Recife tem, atualmente, uma fila de cerca de 4,5 mil crianças esperando vagas em creches e pré-escolas, mesmo com recentes expansões na rede. Segundo a prefeitura, havia, no início de 2021, 6.439 vagas em creches municipais.
Em maio de 2024, a prefeitura anunciou que dobrou o número de vagas, chegando a cerca de 14 mil atualmente. Essas vagas estão distribuídas entre 157 Unidades de Educação Infantil, entre instituições próprias e entidades associadas (com turmas que atendem crianças do berçário a até 5 e 6 anos).
“Quando a gente pega um investimento superior da ordem de R$ 400 milhões nas áreas de morro do Recife, desses, são mais de R$ 230 milhões em grandes obras.”
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A declaração é #FATO. Veja por quê: Até agora, o valor liquidado nos quatro anos de gestão de João Campos pelo programa de gestão de risco em encostas e alagados é de R$ 472,2 milhões.
A maior parte desse valor (54,78% do total) foi investida em obras de infraestrutura urbana: R$ 258,7 milhões. O restante do valor (45,22% do total) foi investido em ações de defesa civil: R$ 213,5 milhões.
Veja abaixo a íntegra da entrevista de João Campos:
Clarissa Góes entrevista João Campos (PSB); veja íntegra
Gilson Machado (PL)
“Não é normal uma cidade que tem um recurso que o Recife tem ainda ter menos de 50%, em torno de 50% da população sem o saneamento básico.”
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#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), o Recife tem uma cobertura de 49,50% no atendimento de esgoto, um dos principais indicadores da área de saneamento básico.
Entretanto, o índice também é composto pelo percentual de abastecimento d’água, que, na cidade, é de 98,71%. A cobertura de coleta de resíduos sólidos é de 100%.
Procurada, a assessoria do candidato não havia se manifestado até a última atualização deste texto.
“Lá em Jaboatão, a média do estudante de uma escola pública normal é de 4,95. Na escola cívica, vai para 7.”
g1
A declaração é #FAKE. Veja por quê: A nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) da rede municipal de Jaboatão para os anos iniciais do ensino fundamental é de 5,3. Nos anos finais do fundamental, o Ideb da rede municipal é de 4,5.
Jaboatão tem duas escolas cívicas, e nenhuma delas tem nota 7 no Ideb 2023. As notas são as seguintes:
Natividade Saldanha: anos iniciais do fundamental = 5,5; anos finais do fundamental = 5,2;
Vereador Antônio Januário: anos iniciais = não teve nota no IDEB 2023; anos finais = 5,2.
Procurada, a assessoria do candidato não havia dado retorno até a última atualização desta reportagem.
“Quando eu não fui eleito em 2022, eu tive 1 milhão 320 mil votos. Aqui em Recife, eu tive mais de 350 mil votos.”
g1
#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: No Recife, Gilson teve 323.769 votos, o equivalente a 39,04% dos votos válidos na cidade. No estado inteiro, ele teve 1.320.555 votos, ou 29,55%.
Procurada, a assessoria não havia dado retorno até a última atualização deste texto.
Veja abaixo a íntegra da entrevista de Gilson Machado:
Clarissa Góes entrevista Gilson Machado (PL); veja íntegra
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