
Escondido há mais de um mês, opositor tenta escapar de perseguição e ordem de prisão decretada por tribunal especializado em terrorismo e respaldada por ditador. Edmundo González em pronunciamento em vídeo na rede social
Instagram/Reprodução
Como era esperado, o destino do opositor Edmundo González Urrutia foi sumariamente selado pelo regime venezuelano: a Justiça comandada pelo ditador ordenou a prisão do candidato opositor, acusando-o de cinco crimes relacionados à publicação das atas de votação que comprovariam a fraude eleitoral do dia 28 de julho.
Aos 75 anos, González já é considerado foragido. Ele está escondido e não é visto desde o dia 30 de julho. Especula-se que tenha saído do país ou buscado refúgio em alguma embaixada — únicas alternativas de dissidentes para escapar dos tão temidos órgãos repressores venezuelanos.
Consciente de que seria preso se aparecesse em público, ausentou-se dos protestos convocados por María Corina Machado, a líder da coligação opositora, para contestar o resultado eleitoral. Sua última postagem na rede X foi nesta segunda-feira, apelando para a libertação de 28 adolescentes.
Esta perseguição segue um roteiro teatral elaborado pelo regime, para tentar dar uma pequena nota de legitimidade à ação. González ignorou três notificações para comparecer à Justiça, que, na prática, funcionariam como um chamariz para a sua detenção automática. É como se ele desse a Maduro a deixa para argumentar: “Eu avisei.”
Acatada por um tribunal especializado em terrorismo, a ordem de prisão diz tudo sobre as táticas do regime para associar opositores a complôs e golpes mirabolantes para derrubar ou assassinar Maduro.
No caso de González, os crimes são de usurpação de funções, falsificação de documento público, instigação à desobediência das leis, conspiração e sabotagem para danificar sistemas. Eles traduzem a reivindicação da oposição venezuelana, que apresentou os boletins de votação que atestam a vitória sobre o regime, com o dobro de votos.
Respaldado pela Justiça, Maduro dá mais uma demonstração de força ao decretar o encarceramento de seu adversário nas urnas. A coreografia do regime, contudo, parece ter dado tempo a González para escapar e evitar, assim, a degradação ainda maior da imagem do ditador diante da comunidade internacional.
As próximas cenas dirão se Maduro preferiu ver seu opositor atrás das grades ou bem longe dele.
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