A volta às aulas em 2025 traz um novo conteúdo que promete mexer com a rotina das escolas: a Lei 15.100/25, que proíbe o uso dos celulares e outros aparelhos eletrônicos portáteis pelos alunos durante toda a permanência no ambiente escolar. A nova lei vale tanto para escolas públicas quanto privadas, abrangendo os estudantes da educação infantil até o ensino médio.
Não é de hoje que a presença de celulares nas salas de aula vem gerando debates. Por um lado, é inegável que os aparelhos móveis podem ser ferramentas importantes para pesquisa e aprendizado. Mas, por outro, eles reduzem a concentração, comprometendo o desempenho acadêmico. Mesmo que os professores solicitem aos alunos que guardem os aparelhos, alguns sempre encontram um jeito de utilizá-los em sala. Redes sociais, mensagens de texto e até jogos tiram o foco das aulas, dificultando o envolvimento dos alunos com o conteúdo.
E não para por aí. A exposição prolongada às telas tem outros efeitos colaterais preocupantes. Estudos mostram que o uso por horas pode causar problemas como déficits de atenção e memória; além de alterações do padrão do sono – essencial para a consolidação da memória, além de impactos negativos na capacidade de inovar e pensar criticamente.
Outro ponto importante são os prejuízos no desenvolvimento das habilidades sociais, já que muitos estudantes preferem a interação virtual à presencial. E isso é uma realidade, dentro e fora das escolas. Quantas vezes já vimos grupos de pessoas juntas, mas cada um imerso na tela do próprio celular? Entretanto, a comunicação presencial, que inclui perceber o tom de voz, o olhar, as expressões faciais e até a linguagem corporal, é fundamental para construir relacionamentos saudáveis e equilibrar nossas emoções.
É claro que não se trata de colocar o celular apenas como um vilão. Não podemos negar a importância dos recursos oferecidos pela tecnologia e pela Internet que nos auxiliam no dia a dia. Mas tudo tem um limite, e quando o assunto é saúde mental, é preciso atenção quanto ao uso, pois, a questão não é o que se utiliza, mas a quantidade. Por isso, é natural que, no início, alguns alunos sintam irritação, ansiedade ou até uma sensação de vazio por não poderem se conectar o tempo todo. Isso faz parte do processo de mudança.
Vale ainda lembrar que é necessário impor limites seguros, inclusive em casa. Muitos pais reclamam que seus filhos não largam o celular, mas admitem que não são tão firmes quanto às restrições do uso devido aos confrontos que surgem. O segredo é educar os filhos para o uso consciente. É necessário estabelecer acordos sobre o tempo de conexão e, principalmente, respeitá-los.
A nova lei, mais do que uma proibição nas escolas, traz uma oportunidade para repensarmos nossos hábitos em relação ao uso do celular e refletirmos sobre seu impacto no dia a dia. Ela abre espaço para diálogos, troca de informações, além da possibilidade de novas experiências offline enriquecedoras, (re) construindo um ambiente escolar mais saudável e equilibrado. De qualquer forma, seja no espaço escolar, familiar ou social, é preciso tirar os olhos da tela e olhar mais para o mundo ao nosso redor. Créditos: Joselene L. Alvim- psicóloga