Uma área improdutiva por mais de 20 anos na propriedade da família Modeski, em Major Vieira, no Planalto Norte catarinense, foi transformada em um exemplo de sustentabilidade e alta produtividade.
Com orientações da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), a família implantou a pastagem perene missioneira-gigante, desenvolvida em 2015 pela Epagri para melhorar a produção em áreas de caíva – sistemas que integram erva-mate nativa e pecuária.
Com o novo manejo, a área passou a produzir pelo menos 10 mil litros de leite por hectare. “Estamos preservando a natureza e obtendo um bom lucro”, comemora Márcio Modeski, agricultor responsável pela propriedade.
A transformação da propriedade
A mudança começou com a preparação do solo, que incluiu aplicação de calcário, adubação e o uso de esterco aviário e suíno. A família também produziu as mudas da missioneira-gigante em bandejas e realizou o plantio em dois hectares. Antes, as vacas da família precisavam ser levadas a uma área distante, mas agora, o pasto diversificado garante maior comodidade e produtividade.
“Aqui só tinha mato e grama comum. Agora está tudo bonito e produtivo”, destaca Rosani Modeski. “Conseguimos dobrar a produtividade de leite e melhorar financeiramente”, acrescenta o marido.
Uma solução sustentável
A missioneira-gigante foi escolhida por sua resistência a áreas sombreadas e de média fertilidade, características comuns no Planalto Norte catarinense. De acordo com o extensionista rural Marlon Dutra, a espécie apresenta um ciclo longo de produção, garantindo alimentação animal de outubro a abril. “É uma gramínea que se adaptou muito bem ao clima da região e não exige revolvimento do solo, o que preserva a vegetação nativa”, explica.
Além disso, a integração da pastagem com a erva-mate nativa potencializou a biodiversidade da área. Ana Lucia Hanisch, pesquisadora da Epagri, ressalta que a produtividade de leite saltou de zero para 10 mil litros por hectare em apenas quatro meses, sem prejuízo à flora local. “As árvores ficaram mais vigorosas, e a biodiversidade foi mantida.”
Perspectivas para o futuro
A transformação da propriedade também impactou a família Modeski. A filha mais velha, formada em Enfermagem, atua no Samu, a caçula pretende cursar Medicina Veterinária e continuar os negócios da família. “Temos uma filha que cuida de nós e outra que vai cuidar dos animais”, brinca Márcio.