Mecanismo não contempla longas-metragens, como é o caso do filme brasileiro indicado ao Oscar, e vale só para curtas e médias-metragens. Produção original Globoplay foi financiada com recursos próprios e em associação com empresas do Brasil e da França. É #FAKE que ‘Ainda Estou Aqui’ recebeu recursos da Lei Rouanet
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Circulam nas redes sociais publicações que afirmam que o filme brasileiro “Ainda estou aqui” – indicado em três categorias no Oscar 2025 – recebeu recursos da Lei Rouanet, como é conhecida a Lei de Incentivo à Cultura. É #FAKE.
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O que dizem as publicações enganosas
▶️ Publicações falsas voltaram a circular nas redes sociais após o anúncio dos indicados ao Oscar 2025, nesta quinta-feira (23). Dirigido por Walter Salles, “Ainda estou aqui” nas seguintes categorias:
melhor filme, algo inédito para o Brasil;
melhor filme internacional;
e melhor atriz, para Fernanda Torres.
▶️ Veja, abaixo, dois exemplos de comentários enganosos que citam a Lei Rouanet, criada em 1991 para autorizar produtores a buscarem investimento privado em iniciativas culturais. (Em troca, as empresas ganham o direito de abater do Imposto de Renda uma parcela do valor aplicado.)
️”Só de Lei Rouanet aí contei uns 3 orçamentos na saúde, uns 7 na educação uns 3 em saneamento básico. Mas calma aí que temos que estar felizes por eles estarem recebendo créditos em cima da desgraça do brasileiro […]”, diz uma publicação no X.
Outro comentário afirma: “Pode ficar tranquilo, painho lulis já comprou tudo, só buscar o caneco, afinal ele despejou bilhões em 2 anos para os galáticos artistas ruanet, e o podre nessa história que se lasque, pobre vai ficar olhando pela tv 📺[…]”.
Fato ou Fake: a checagem passo a passo
▶️ O Fato ou Fake entrou em contato com o Ministério da Cultura e questionou se o filme recebeu incentivos via Lei Rouanet, que é o principal mecanismo de fomento à cultura do Brasil. A resposta enviada por e-mail afirma:
“O Ministério da Cultura informa que o filme ‘Ainda estou aqui’ não conta com recursos públicos federais. A obra é uma produção brasileira, em regime de coprodução internacional com a França e financiada com recursos próprios”.
▶️ A pasta explica que, no caso de obras cinematográficas, a “Lei [Rouanet] só permite a destinação para obras cinematográficas de curta e média metragem”.
Seria impossível, portanto, que “Ainda estou aqui”, um longa-metragem de 136 minutos, sequer tentasse recorrer a esse tipo de recurso.
▶️ Com base na duração, há estas três categorias de produções cinematográficas, que são definidas segundo regulação da Agência Nacional de Cinema (Ancine):
curta-metragem – igual ou inferior a 15 minutos
média-metragem – superior a 15 minutos e igual ou inferior a 70 minutos
longa-metragem – superior a 70 minutos
▶️ “Ainda estou aqui” é o primeiro filme original Globoplay. Questionada pelo Fato ou Fake a respeito do financiamento do longa, a assessoria da plataforma digital de vídeos da Globo informou: “não há nenhum recurso público no filme”.
▶️ Os créditos do longa são:
Produção – VideoFilmes, RT Features e Mact Productions
Coprodução – ArteFrance Cinéma, Conspiração e Globoplay
▶️ O filme é uma adaptação do livro “Ainda estou aqui” (Alfaguara), escrito por Marcelo Rubens Paiva e lançado em 2015. A protagonista da história é Eunice Paiva (Fernanda Torres), mãe de Marcelo e de outros quatro filhos. Ao longo da trama, ela se transforma de uma dona de casa da década de 1970 em uma das maiores ativistas dos direitos humanos do país após o assassinato do marido, o ex-deputado Rubens Paiva (Selton Mello), pela ditadura militar.
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