O governo de Donald Trump está mobilizando uma estratégia sem precedentes para controlar a imigração na fronteira sul dos Estados Unidos, com planos de enviar até 10 mil soldados e transformar bases militares em centros de detenção de migrantes na fronteira com o México. A informação está em um memorando e foi obtida pela rede americana CBS News.
Após assumir a presidência na segunda-feira (19), Trump declarou emergência nacional na fronteira e ordenou ao Departamento de Defesa que forneça tropas e recursos para obter “controle operacional completo” da região.
O Pentágono já confirmou o envio inicial de 1,5 mil tropas, sendo mil soldados do Exército e 500 fuzileiros navais. Apesar de oficiais militares garantirem que as tropas não atuarão diretamente na aplicação da lei, elas auxiliarão na construção de barreiras fronteiriças e infraestrutura de controle.
O memorando indica que o governo planeja expandir a capacidade de detenção. O Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) busca:
- 14 instalações com capacidade para mil migrantes cada
- 4 centros adicionais capazes de acomodar até 10 mil pessoas
O Departamento de Defesa também fornecerá transporte aéreo militar para deportação de mais de 5 mil migrantes detidos na fronteira. As autoridades pretendem realizar deportações rápidas e sumárias, negando aos migrantes a oportunidade de solicitar asilo.
A estratégia enfrenta desafios legais significativos. A Lei Posse Comitatus normalmente proíbe o uso de tropas federais em funções de aplicação da lei doméstica. No entanto, Trump contorna essa restrição descrevendo a situação fronteiriça como uma “invasão”.
Dados oficiais mostram que, nos últimos meses da administração Biden, as travessias ilegais já estavam em declínio:
- Dezembro de 2023: 47,3 mil migrantes detidos
- Dezembro de 2020: 71 mil migrantes detidos