Carro está preso há um mês em fenda de ponte que desabou entre Maranhão e Tocantins

Um mês após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira entre Maranhão e Tocantins, provocando 14 mortes e deixando outros três desaparecidos, um veículo Fiat Palio continua preso em uma fenda aberta pelo acidente. Outros veículos de passeio e caminhões também estão sobre a estrutura que sobrou da ponte.

Um mês após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, localizada na BR-226, veículos permanecem no que sobrou da ligação entre os estado do Tocantins e Maranhão. Foto: Wilton Junior / Estadão

A Justiça Federal deu um prazo de 10 dias para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) retire o carro.O órgão federal, por sua vez, informou que técnicos “atuam na adequação das condições do encontro da ponte no lado de Aguiarnópolis e que a expectativa é concluir a operação até o final desta semana”.“Após a execução dos serviços preliminares na estrutura remanescente, as equipes vão retirar o caminhão mais próximo da saída da ponte e na sequência os demais veículos”, informou o órgão.A ponte que fica entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA) desabou na tarde de 22 de dezembro de 2024. Dez veículos, entre carros, motos, caminhonetes e carretas caíram no rio Tocantins. Ao todo, 18 pessoas foram atingidas no acidente. O desabamento causou a morte de 14 pessoas e deixou outros três desaparecidos. Um homem sobreviveu.

Caminhões e veículos de passeio permanecem nos escombros da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, localizada na BR-226 que separa o estado do Tocantins (TO) do Maranhão (MA Foto: Wilton Junior / Estadão

Os proprietários do veículo, Gabriel Assunção, de 30 anos, e Laís Lucena, de 28, acionaram o DNIT para remoção do veículo, instrumento de trabalho de Gabriel, representante comercial no setor agropecuário.O prazo de 10 dias, contados a partir de 15 de janeiro, foi determinado pelo juiz da 1ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Imperatriz, Georgiano Rodrigues Magalhães Neto.Na impossibilidade de remoção por questões técnicas ou de segurança, o magistrado determinou que o DNIT forneça, “em caráter provisório, outro veículo em condições equivalentes, a fim de evitar prejuízos às atividades profissionahttps://estadao.arcpublishing.com/composer/searchis do autor”.O casal estava retornando de Aguiarnópolis para Estreito no momento do desabamento juntamente com a cunhada. Todos conseguiram abandonar o veículo.

Justiça Federal determinou o prazo de 10 dias para retirada do veículo preso na ponte que desabou entre Tocantins e Maranhão Foto: Wilton Junior / Estadão

“Quando nós entramos na ponte, Deus tocou no meu coração pra ir devagar. Quando olho num retrovisor e volto as vistas pra frente, já vejo tudo sumindo, a poeira subindo e a ponte balançando. Coloquei ré no carro e caímos naquele buraco onde o carro está enganchado. Saímos correndo. Não deu muito tempo de pensar”, contou Gabriel ao Estadão.O resgate das vítimas contou com apoio da Marinha, com operação com mergulhos e uso de drones subaquáticos, além das embarcações. Além da Marinha, participam das buscas integrantes dos Corpos de Bombeiros de Tocantins, Maranhão e Pará, a Polícia Federal e até a Transpetro – a subsidiária da Petrobras cedeu drones subaquáticos que estão sendo usados para ajudar nas buscas.Entre os veículos vítimas do desabamento, foram identificados caminhões-tanque carregados com ácido sulfúrico e defensivos agrícolas. Segundo as análises de qualidade da água do rio feitas pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com a participação de vários órgãos ambientais, não há alterações significativas na qualidade da água.Segundo o DNIT, o desabamento ocorreu porque o vão central da ponte cedeu. A causa do colapso ainda está sendo investigada, de acordo com o órgão. A Polícia Federal também abriu uma investigação para apurar a responsabilidade da queda da estrutura.Construída nos anos 1960, a Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira tinha 533 metros de extensão. Chegou a ter o maior vão do seu tipo no mundo, na época da inauguração. A última vez que a ponte passou por reparos foi entre os anos de 1998 e 2000, ainda na gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB), quando foram acrescentadas passarelas para pedestres dos lados da pista.A reconstrução deve custar entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões e ficar pronta em até um ano, segundo o ministro dos Transportes, Renan Filho, e o Dnit.Sem a ponte, a rotina dos moradores e o transporte de cargas na região foram alterados. Muitos moradores de Aguiarnópolis trabalham em Estreito e dependem da cidade, que é sete vezes mais populosa. Para os caminhoneiros, o fim da ponte Juscelino Kubitschek significa uma espera de até cinco horas para pegar a balsa na cidade vizinha de Porto Franco (MA) – o preço das tarifas da balsa varia entre R$ 265 para caminhões grandes e R$ 5,50 para motos.

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