É difícil circular por Florianópolis sem presenciar um acidente de trânsito, seja uma colisão, capotamento ou saída de pista. Em média, é registrada uma nova ocorrência na Capital a cada 25 minutos. No ano passado, pela primeira vez na história, Florianópolis ultrapassou os 20 mil acidentes e chegou a 48 mortes no trânsito. Apenas no mês de outubro de 2024, foram 1.941 sinistros na cidade, que levaram a quatro mortes, conforme dados do Detran-SC (Departamento Estadual de Trânsito).
Até o momento, foram registrados 20.815 acidentes na Capital em 2024 no sistema do Detran, que é atualizado periodicamente e demora cerca de dois meses até que todos os dados sejam consolidados. Esse número representa 56 acidentes por dia. Desde 2022, a Capital ultrapassou Joinville como a cidade com maior número de acidentes de trânsito no Estado, mesmo com 79 mil pessoas a menos.
Com o crescimento da cidade, é natural que mais veículos circulem nas ruas e essas ocorrências sejam mais comuns. Desde 2019, houve um aumento populacional de 15% e a frota de veículos cresceu em 17%, ultrapassando os 415 mil automóveis. Mas o número de acidentes aumentou 43,9% nesses mesmos cinco anos.
Em relação aos acidentes fatais no trânsito, agosto é historicamente o mês mais letal, chegando a ter 12 mortes em 2022 e 36 nos últimos cinco anos. Enquanto isso, 2024 ultrapassou 2020 e se tornou o ano mais letal, com 48. Nos últimos cinco anos, foram mais de 100 mil acidentes e 222 vidas perdidas no trânsito da Capital.
Acidentes tem menos colisões e mais atropelamentos
A maior parte dos acidentes em Florianópolis acontece no Centro, em especial na Beira-Mar Norte. As avenidas Mauro Ramos, Hercílio Luz e Gustavo Richard também registram ocorrências com frequência.
Mas certos acidentes, como a saída de pista, são mais comuns na SC-401, especialmente na região dos bairros João Paulo e Costeira do Pirajubaé. O capotamento ocorreu com maior frequência nesses locais e em partes do Norte da Ilha.
Colisão com outro veículo é o acidente mais comum, com 5.114 registros em 2024, mas diminuiu em 18,9% desde 2019. Por outro lado, o terceiro sinistro mais frequente, atropelamento de pedestre, aumentou 19,2%, com 354 registros.
Nos últimos cinco anos, aconteceram sete incêndios no trânsito, e todos eles foram na Via Expressa, em Capoeiras. Outro acidente que só foi registrado na Via Expressa do Continente é o engavetamento – dois ou mais carros colidindo em sequência.
Prejuízo no país passa de R$ 56 bilhões
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em 2020, cada acidente em rodovias federais brasileiras gera um custo médio de R$ 261.689 à sociedade, incluindo despesas com o veículo, com o patrimônio, custos hospitalares e perda de carga, entre outros. Os acidentes com vítimas fatais custaram, em média, R$ 664.821 cada um.
Apenas em 2014, calcula-se que foram gastos R$ 12,8 bilhões com acidentes em rodovias federais, R$ 30,5 bilhões nas vias estaduais e municipais e até R$ 12,9 bilhões nos aglomerados urbanos, num total de mais de R$ 56 bilhões de prejuízo por todo o país.
Considerando os 20.815 acidentes já registrados na Capital e os dados do Ipea, isso representa um prejuízo de mais de R$ 5,44 bilhões em apenas dez meses. Em todo o Estado, foram mais de 221 mil acidentes, o que pode chegar a R$ 57,9 bilhões de prejuízo, além das 1.487 vidas perdidas.
“São mortes e gastos com saúde que podem ser prevenidos investindo em segurança viária”, afirma o representante catarinense da AGT Brasil (Associação Nacional dos Agentes de Trânsito do Brasil), Pedro Silva.
Secretaria de Mobilidade detalha ações para reduzir quantidade de acidentes na Capital
Segundo o secretário municipal de Operações de Mobilidade, Araújo Gomes, o maior número de ocorrências de trânsito envolve motocicletas. Para ele, isso tem uma influência muito grande na gravidade dos acidentes e no perfil das vítimas.
Gomes ainda citou que a maioria dos casos ocorre em vias rápidas e tem como causa a condução imprudente dos motoristas. De acordo com o secretário, “isso aumenta a quantidade de acidentes de pequena rota, que são aquelas pequenas colisões traseiras e laterais na troca de pista, típicas dos congestionamentos”.
Para combater o alto número de ocorrências de trânsito, Araújo Gomes afirma que o tempo médio da equipe de resgate é de oito minutos, mas deixa claro que o tempo de resolução pode variar dependendo dos casos.
Com medidas sendo preparadas para o futuro, Gomes ainda assegura que a Secretaria de Mobilidade, criada na reforma administrativa da Prefeitura de Florianópolis, trabalha em conjunto com outras secretarias, como a de Infraestrutura e a de Segurança e Ordem Pública, para garantir medidas de redução e segurança das vias.
“Estamos começando a organizar dados e informações, criando um modelo de acompanhamento, começando a apontar e gerar estudos de melhoria da mobilidade que, de alguma forma, serão implementados pela área de operação de trânsito.”